Todos os dias pede licença do trabalho, na lanchonete do próprio terminal, vai até o banheiro e se põe em frente ao espelho. Solta os cabelos, veste o casaco (que deve ser o predileto de João) e passa seu batom vermelho nos lábios, com uma expressão de quem nunca se cansa de esperar.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Teresa emana delicadeza
Todos os dias pede licença do trabalho, na lanchonete do próprio terminal, vai até o banheiro e se põe em frente ao espelho. Solta os cabelos, veste o casaco (que deve ser o predileto de João) e passa seu batom vermelho nos lábios, com uma expressão de quem nunca se cansa de esperar.
MURO chega consagrado
MURO (PE) de Tião (Bruno Bezerra) chegou consagrado na noite de terça-feira ao Cine-PE após ganhar o prêmio Regard Neuf (Olhar Novo) da Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2008. Filmado em Serra Talhada, sertão de Pernambuco, conta com boa fotografia e som. Não é fácil de explicar e é um exercício para os espectadores, pois não passa um sentindo “logo de cara” e deixa espaço para várias indagações e interpretações. Copos de vidro dançando sobre uma mesa, mulher enterrada no chão, um grupo de crianças apostando corrida, homens “encostados” em um muro, homens de terno correndo, um homem meio desmaiado que balbucia algumas palavras... Os diversos “núcleos narrativos” se entrelaçam e por fim se unem pelo sentimento. Ao fim da exibição o público ficou dividido entre entender, não entender, se chocar, indagar, adorar, detestar. Aproveitando que tive oportunidade de conversar com Tião, fiz uma rápida entrevista na tentativa de esclarecer seu ponto de vista e inspirações.
Elizabete: Como surgiu a inspiração para fazer o curta?
Tião: A ideia do filme foi uma das primeiras que eu tive. Ela partiu do Muro, da cena do Muro. Daí fui pensando um pouco em o que é que fazia as coisas estarem ali... E em algumas situações que falavam um pouco sobre isso. Situações que se ligavam pelo clima, pelos temas... Aí depois que eu tive essa ideia, sempre anotei outras no caderno, algumas relacionadas com foto e instalação. Eram ideias para mídias diferentes que depois quando vi se encaixavam e pareciam que todas tinham nascido umas para as outras. Depois disso passei a trabalhar no roteiro em cima de todas elas juntas.
Elizabete: Do surgimento da ideia inicial até à concretização demorou muito?
Tião: Da primeira ideia até o fim... 5 anos. Foi um processo intercalado com Eisenstein, meu outro curta onde dividi a direção com Raul Luna e Leonardo Lacca, e também com minha faculdade de Jornalismo que estou terminando agora.
Elizabete: Em que se baseia MURO?
Tião: Não sei falar assim qual é a história... Eu defino Muro como alma no vácuo deserto em expansão. Ideias separadas que se uniram pelo sentimento. Ele fala de várias coisas e algumas histórias que são separadas e acabam se unindo às vezes não narrativamente, mas pelo sentimento mesmo e pelo que falam.
Mistéryos
Segundo longa-metragem exibido no festival, a produção curitibana Mistéryos (Beto Carminatti e Pedro Merege, 2008) deixa-nos, ao menos, uma reflexão: como um festival do porte do CINE-PE, que se dá ao luxo de receber o vencedor do oscar Costa-Gavras, tem a coragem de exibir uma obra desse nível na mostra mais importante do evento? Tão escandaloso quanto é constatar que, na mesma noite, subiram ao palco, homenageados, o lendário Fernando Spencer e a talentosa Dira Paes, atriz com mais filmes na bagagem após a retomada do cinema nacional, pós-Collor. O sentimento de frustração, durante os rastejantes 80 minutos do filme, foi, arrisco dizer, pleno.
Tentativa absurdamente equivocada de criar uma atmosfera sombria, a produção aborda três casos supostamente misteriosos. Pretensão pura. Em momento algum há, de fato, suspense na tela e a insistência nas (três) histórias risíveis torna a película numa incessante tortura cinematográfica (em todos os aspectos, todos). O roteiro, beirando o amadorismo, se utiliza de fórmulas clichês (e altamente mal usadas) para dar fluência à narrativa. O uso de legendas, transmissões radiofônicas e depoimentos dos personagens demonstram preguiça e pragmatismo por parte dos idealizadores. A narração em off desgasta e diálogos como "- tô esperando meu namorado./ - enquanto ele não chega, eu te faço companhia." extermina a paciência presente em cada alma cinéfila. Se há algum ponto não tão negativo no filme, é a fotografia. Quase sempre escura, é adequada à proposta do enredo.
Os atores fazem o que pode com a estupidez que lhes fora incumbida. Mas, só de participar de algo do tipo, é condenável. Carlos Vereza, grande ator, parece não mais se importar com as produções que adentra. Depois do protótipo de novela "Bezerra de Menezes: O diário de um espírita", o veterano intérprete mancha ainda mais sua carreira com "Mistéryos". Merece certo mérito, porém, por, ainda que dentro do absurdo, conseguir extrair uma atuação eficiente. Seria mais interessante, entretanto, utilizar a competência que possui em algo relevante. Atores das simulações do extinto Linha Direta seriam, certamente, adequados a esta produção, que me fez sentir saudades de Você Decide.
Ao acender das luzes, os remanescentes espectadores (leia-se batalhadores) agradeciam. Não aos realizadores, não à organização, mas à inflexibilidade do tempo que, ainda bem, não se atrasa. Nos créditos, orei. Implorei aos deuses cinematográficos para que os próximos longas do festival não sejam tão 'longos'. Que minha fé não seja abalada.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Eiffel provoca reflexão em 2ª noite de Cine-PE
Na noite de ontem um dos curtas mais esperados foi o experimental Eiffel, do jornalista e crítico de cinema pernambucano Luiz Joaquim, que trouxe reflexões de política, estética e arquitetura; traçando um paralelo entre a harmonia da torre Eiffel, cartão postal de Paris, e a desarmonia das torres residenciais gêmeas do Cais de Santa Rita, que destoam completamente da arquitetura onde estão localizadas.
“Ano passado (2008), revendo Os Incompreendidos , de François Truffaut, pensei que seria muito interessante se eu pudesse fazer no Recife o que ele fez com Paris homenageando a Torre Eiffel, um belíssimo ícone da cidade, enfim, um símbolo, pensei: será que a gente não tem um símbolo aqui no Recife que podia fazer isso? E não cheguei a nenhuma conclusão. Depois, pensei que temos um símbolo, mas por um motivo oposto, na verdade, uma negação do que é de bom gosto no sentido da estética. Um “ monumento” que já tinha criado uma grande polêmica velada: as torres residências gêmeas do Cais de Santa Rita”, disse Luiz Joaquim, em entrevista concedida ao Cineclube Revezes.
Assim como na abertura do filme Os Incompreendidos, onde a câmera percorre Paris observando de longe a Torre Eiffel, as “ Torres Gêmeas recifenses” foram filmadas de diversos ângulos fazendo uma crônica onde a música ajuda a acentuar e ilustrar as imagens.
Apesar de simples e curto, Eiffel passa bem “seu recado” e chama atenção das pessoas para esse assunto relevante, “ brinca” com seriedade e encerra com uma frase provocante: Cada lugar tem o monumento que merece!
Curtas do cotidiano urbano
Por Laís Sampaio
Um pequeno momento de prazer que representa um longa. Quase isso é a proposta dos curtas no Cine PE. A noite da terça-feira foi marcada de curtas com passagens do dia-a-dia na Mostra Competitiva de Curtas Digitais e em 35MM.
Selos, de Gracielly Dias (CE), é repleto de metáforas quanto à história de um menino de família humilde que com a ajuda do carteiro coleciona selos, mas que ao descobrir o caso de sua irmã com o seu “ajudante a colecionador”, bloqueia seus sentimentos e coloca um ponto final nessa viajem ao mundo.
6.5 Megapixels, de Michelline Helena, Gláucia Soares e Janaina de Paula (CE), relata sucintamente por um postal em preto e branco (a verdadeira imagem da cidade), o boletim de ocorrência depois de um roubo da câmera fotográfica de 6.5 megapixels em uma praia turística de Fortaleza. Simples, porém esteticamente cinematográfico. O diálogo é produzido pela própria diretora do curta digital e foi feito para seu curso de especialização.
Distração de Ivan, de Cavi Borges e Gustavo Melo (RJ), que é uma parceria com o grupo coletivo Nós do Morro (RJ) mostrou que a produção da sétima arte “engrandece” com uma participação global (o ator André Gonçalves faz uma pequena aparição) do eixo Rio-São Paulo e narra a observação de Ivan com os dias em seu bairro. De boa fotografia, o curta mostra fatos reais de uma visão infantil perante o mundo de hoje.
Um pequeno clichê, mas curta o curta. É esse o propósito das exibições que com o decorrer da semana, esperamos mais inovação e destaque.
Noite de curtas-metragens e grandes homenagens
Por Laís Sampaio
A segunda noite do Festival do Audiovisual de Pernambuco, o Cine PE, seguiu mais movimentada e repleta de homenageados ao Troféu Calunga. Grande maioria do público foi em busca dos curtas Eiffel e Muro, de Luiz Joaquim e Tião, respectivamente, da nova classe de cineastas da cena pernambucana.
O primeiro homenageado da noite foi o cineasta Fernando Spencer (PE), mais conhecido como o “cineasta das três bitolas” (super 8, 16 e 35MM). Spencer não é reconhecido somente como um roterista e diretor, mas, como um pesquisador e registrador de cinema local, ao marcar a época usando Super 8
Dentre as mostras competitivas de curtas digitais e curtas-metragem em 35MM, o documentário Nello’s, de André Ristum (SP), apresenta em uma narrativa de primeira pessoa super delicada e sensível, a história do ator Nello de’ Rossi entre o cinema e seu restaurante expressando que: “Na vida tem que fazer o que você gosta se não acaba trabalhando. Cuidado!”. O Teteco, de Glauco Kuhnert (RJ), foi todo filmado em câmeras de celulares e mostra a inclusão dessa tecnologia na parte do cotidiano urbano de todos.
TV, cinema e teatro. Dira Paes foi a segunda homenageada da terça-feira por ser a atriz com mais filmes nacionais no currículo. Ao todo foram em torno de 20 filmes, onde o primeiro foi aos 15 anos, The Emerald Forest (1985). Dira é uma atriz completa, tanto que produz há seis anos o cinema da Região Norte do país, o Festival de Belém do Cinema Brasileiro. Durante a premiação ela falou da importância do Cine PE como ponte para o cinema brasileiro, do orgulho de ser homenageada ao lado de Costa-Gavras (homenageado da noite anterior) e dedicou o Troféu Calunga ao seu filho Inácio, que está dando seus primeiros passos.
terça-feira, 28 de abril de 2009
Filme de Costa-Gavras divide opiniões no Festival
Documentarista lança livro no Cine-PE
Curta: O troco
Cine PE tem início positivo!
sábado, 25 de abril de 2009
Para os produtores de plantão!
De maio à outubro deste ano, chega ao Recife a ‘Mostra TV no Parque’, que será realizada abertamente no Parque 13 de Maio.
O evento será realizado sempre no último domingo de cada mês e irá selecionar os melhores vídeos produzidos dentro dos temas “Identidade cultural” e “Direitos humanos”. Os filmes poderão ser realizados em qualquer linguagem, e devem ter entre 1 e 5 minutos de duração.
A cada edição do evento, o público presente irá escolher os seis melhores vídeos entre os exibidos - que também serão apresentados na TV Universitária de PE - e os vencedores serão contemplados com o prêmio de mil reais.
A Mostra TV no Parque está aberta para todo o Brasil, porém, só participarão da premiação os vídeos realizados especificamente em Pernambuco.
O evento é uma realização dos coletivos Media Sana e Ventilador Cultural, em parceria com a Plural Projetos e Produções Artísticas e patrocinado pela Fundarpe/Funcultura.
As inscrições já estão abertas e poderão ser feitas pelo site www.mediasana.org , onde estão disponíveis maiores informações.
Ayrton Senna em novo documentário
A produtora inglesa Working title films, que tem na bagagem filmes como ‘Queime depois de ler’ e ‘Frost/Nixon’ trabalha agora seu mais novo projeto, um documentário sobre o ex-piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna.
O filme, que será dirigido pelo também inglês Asif Kapadia, começará a ser filmado em maio deste ano – época em que os 15 anos da morte do piloto serão lembrados - e contará com depoimentos de pessoas que trabalharam com ele na época em que corria pela Fórmula 1 e com pessoas da família do ex-piloto.
Este não é o primeiro filme sobre a vida de Ayrton, que se tornou o ‘Pelé’ das corridas de carro e logo conseguiu fama internacional diante de resultados nunca antes alcançados, se consagrando como um dos melhores pilotos da história do automobilismo.
Um outro documentário, intitulado “A star Called Ayrton Senna” (Uma estrela chamada Ayrton Senna) foi produzido em 1998, sob a direção de Ellen Goosenberg Kant.
Mostra Pernambuco de curtas-metragens começa neste sábado
Amanhã, às 19h terá início a Mostra Pernambuco de competição de curtas-metragens, que vem em seu segundo ano de edição, valorizando a produção audiovisual pernambucana.
O evento faz parte da programação do Cine-PE: Festival do audiovisual, que terá abertura oficial na segunda-feira (27), no anfiteatro do Centro de Convenções e está em sua 13° edição.
Vale salientar que os filmes que serão exibidos amanhã e domingo, na Mostra Pernambuco, também fazem parte da competição de curtas do Cine-PE e os seus vencedores serão anunciados no dia 3 de maio, junto com as outras premiações, no encerramento do festival.
Enquanto o maior festival de cinema do Nordeste não começa oficialmente, os cinéfilos de plantão já vão poder se aquecer para o evento comparecendo à Fundaj, onde serão exibidos os curtas em sessões abertas ao público.
*Foto: Hotel do coração partido, de Raoni Assis.
Programação:
Sábado – 25 de abril
“Ô de Casa” (Documentário, Direção: Júlia Araújo e Sheyla Florêncio, 16’)
“Depois do Jantar” (Ficção, Direção: Alba Azevedo e Nara Viana, 09’)
“Ave Sangria – Sons de Gaitas, Violões e Pés”, Documentário, Direção: Raynaia Uchôa, Rebeca Venice e Thiago Barros - 20’)
“Feito Algodão Doce” (Ficção, Direção: Natali Assunção, 10’)
“A Invenção do Cotidiano” (Documentário, Direção: Diogo Luna, 20’)
“Tebei” (Documentário, Direção: Gustavo Vilar, Hamilton Costa Filho, Paloma Granjeiro e Pedro Rampazzo, 20’)
“Prenúncio” (Ficção, Direção: Adriano Portela, 17’)
“O Trambolho” (Animação, Direção: André Rodrigues, 02’)
“Na Terra do Coração” (Ficção, Direção: Caroline Quintas e Renata Monteiro, 06’)
Domingo – 26 de abril
“Memória Irreversível” (Documentário, Direção: Milton Pinheiro e Vanessa Loreto, 16’)
“Amigo é pra Essas Coisas”, (Ficção, Direção: Rafael Dantas, 14’)
“Malunguinho: O Guerreiro de Catucá, O Rei da Jurema” (Documentário, Direção: João Batista Júnior, Diego Mendes e Luis Otávio, 18’)
“Eu Sou Lia” (Documentário, Direção: João Rafael, Juliane Caroline e Milena Santos, 20’)
“Da Fotodocecópia à Água que Move a Vespa” (Documentário, Direção: Mariana D’Emery e Raphaela Spencer, 15’)
“Cinco e Meia” (Ficção, Direção: Alice Gouveia, 17’)
“Travessia – Um Rio e Algumas Histórias” (Documentário, Direção: Tiago Martins Rêgo, 14’)
“Hotel do Coração Partido” (Animação, Direção: Raoni Assis, 05’)
Local: Fundação Joaquim Nabuco
Horário: 19h
Entrada Franca
quinta-feira, 16 de abril de 2009
O escafandro e a borboleta
Direção: Julian Schnabel